segunda-feira, dezembro 24, 2012

Porém todos são perdoados

O problema dos que não crêem na existência de Deus - ou dos que dela duvidam - não é Deus ele mesmo, mas o homem. Pois se em parte é como o descrevem os que nele crêem, saberá compreender os motivos da descrença ou da dúvida que, como tudo mais, seriam obra sua.

Já quanto aos que crêem, o problema é mais sério. Qualquer um se aborreceria com ver-se pintado de forma tão desconexa, em que cada traço bom se transmuta em incontáveis reconhecidamente duvidosos ou maus, como o dizer, entre outras coisas, que é onisciente (presciente), onipresente, de bondade infinita, e irresponsavelmente tolera - permite - o erro, o mal, em nome de algo como o livre-arbítrio (cuja existência sequer se provou). Nenhuma infinita misericórdia, é de imaginar, seria capaz de compreender semelhante disparate: pois se não se sabe como algo é, ora, que nada a respeito se diga. Entretanto, até isso, ainda que não o tenha criado diretamente, teria ele de, ao fim, perdoar, pois por certo advém do que criou.

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported License