Um computador certamente facilitará o trabalho e, claro, obviará a conclusão.
Tome-se uma pintura figurativa qualquer, de preferência de bom autor, um dos clássicos, e escolha-se não importa qual área dentro dela, desde que suficientemente pequena. Apliquem-se aí sucessivas lentes de aumento de modo a tornar visíveis os regurgitos da cor, seu revolvimento em prol de sugerir ao olho a realidade aplainada, sem arestas ou ruído. Não duvido de que com frequência se encontrem, sem muita obstinação, na repetição do processo sobre áreas diferentes, um Braque, um Picasso, o Nu Descendo Escadas, um Mondrian tardio ou, no mínimo, veementes sugestôes disso.
Bem, longe de propor algum desvalor da arte mais recente, a técnica proposta estaria mostrando a capacidade que temos de dar com o belo nos locais mais inusitados, como as entranhas das coisas, por exemplo.