quarta-feira, abril 30, 2014

Poesia é desbocamento.

Perdoem-me todos
e os cricunspectos e prudentes,
mas poesia é da boca prá fora,
doa em quem doer.
Perdoem-me os concretistas,
pois é música, como música, e
só se escreve prá não se perder.
E tem história, é evidente,
de que não precisa prá se dizer.

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Canção 16

Fodo-lhes ambos a boca e o rabo,
Aurélio bichinha, Fúrio viado, 
que chamam a mim de despudorado
por ser com meus versos tão delicado.

Se deve ser casto o poeta santo,
o mesmo não vale para o seu canto,
que, finalmente, tem charme e é gostoso
se é delicado sem ser pudoroso,
podendo fazer coçar de tesão,
não digo o menino, mas um peloso
dos quartos prá baixo todo durão.

E quanto a vocês, que vivem de ler
os beijos que dou, não sou macho não?
O rabo e a boca dos dois vou foder.

(Caio Valério Catulo - Versão: Waldemar M. Reis - abril, 2014)


Carmen 16
Pedicabo ego vos et irrumabo,
Aureli pathice et cinaede Furi,
Qui me ex versiculis meis putastis,
Quod sunt molliculi, parum pudicum.
Nam castum esse decet pium poetam
Ipsum, versiculos nihil necesse est,
Qui tum denique habent salem ac leporem,
Si sunt molliculi ac parum pudici,
Et quod pruriat incitare possunt,
Non dico pueris, sed his pilosis,
Qui duros nequeunt movere lumbos.
Vos quod milia multa basiorum
Legistis, male me marem putatis?
Pedicabo ego vos et irrumabo.

(Gaius Valerius Catullus)

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